sábado, 14 de novembro de 2009

Povos de Pernambuco


" Existem Índios em Pernambuco?"

A resposta negativa a essa pergunta é ouvida da imensa maioria da população, na Escola e até mesmo na Universidade.

O desconhecimento da realidade indígena, em Pernambuco, está associado basicamente à imagem do índio que é tradicionalmente veiculada pela mídia: um índio genérico com um biótipo formado por características correspondentes aos indígenas de povos habitantes na Região Amazônica e no Xingu, com cabelos lisos, pinturas corporais e abundantes adereços de penas, nus, moradores das florestas, de culturas exóticas.
Ou também imortalizados pela literatura romântica produzida no século passado, como nos livros de José de Alencar, onde são apresentados índios belos e ingênuos, ou valentes guerreiros e ameaçadores canibais, ou seja "bárbaros, bons selvagens e heróis" (Silva, 1994). Já na Escola, de um modo geral, o índio é lembrado, afora o primeiro momento do "Descobrimento" em 1500, no início da Colonização e no rosário das datas comemorativas no "Dia do Índio", quando comumente as crianças das primeiras séries do Ensino Fundamental, são enfeitadas a semelhança de indígenas que habitam os Estados Unidos, e estimuladas a reproduzirem seus gritos de guerra!



ATIKUM
População total: 5.025
Localização: Belém de São Francisco, Carnaubeira da Penha, Mirandiba, Salgueiro
Extensão da terra demarcada: 16.290 ha
Posto indígena: PI Atikum
Situação jurídica: Homologada
Há vários registros antigos de índios habitando a região da serra do Umã, As primeiras visitas de representantes do Serviço de Proteção ao Índio àquele grupo ocorreram entre 1943 e 1945.


FULNI-Ô
População total: 3.578
Localização: Águas Belas e Itaíba
Extensão da terra demarcada: 57.739 ha
Posto indígena: PI Fulni-ô
Situação jurídica: Em Identificação
O domínio dos Fulni-ô sobre as terras de Águas Belas é bastante antigo, e desenvolve-se profundamente imbricado com o antigo aldeamento que. originaria o núcleo urbano de Águas Belas.


KAMBIWÁ
População total: 1.578
Localização: Floresta, Ibimirim, Inajá
Extensão da terra demarcada: 31.495 ha
Posto indígena: PI Kambiwá
Situação jurídica: Homologada
Os Kambiwá - grupo indígena de filiação lingüística não determinada - habitam a região das serras Negra e do Periquito (as quais constituem o mesmo alinhamento orográfico, situado na região do Vale do Moxotó.

KAPINAWÁ
População total: 2.686
Localização: Buíque
Extensão da terra demarcada: 12.403 ha
Posto indígena: PI Kapinawá
Situação jurídica: Homologada
Os Kapinawá são descendente dos índios que habitavam a aldeia de Macaco, referida desde o século XVIII (Anônimo, 1746 e Coutto, .1902: 170) como os índios Prakió ou Paratió.

PANKAIUKÁ
População total:
Localização: Inajá
Extensão da terra demarcada:
Posto indígena:
Situação jurídica: Em estudo
em fase de estudo

PANKARÁ
População total: 1.025
Localização: Carnaubeira da Penha e Floresta
Extensão da terra demarcada:
Posto indígena:
Situação jurídica: Não estudada

PANKARARU
População total: 5.880
Localização: Jatobá, Petrolândia e Tacaratu
Extensão da terra demarcada: 8.100ha
Posto indígena: PI Pankararu
Situação jurídica: Homologada
Os Pankararu fazem parte do grupo mais amplo de “índios do sertão” ou Tapuia, caracterizado historicamente por oposição aos Tupis da costa e ao Jê dos cerrados à oeste
PIPIPÃ
População total:
Localização: Floresta
Extensão da terra demarcada:
Posto indígena:
Situação jurídica: Não estudada
Hoje os Pipipã se afirmam em 2.050 índios espalhados na ribeira do Pajeú, entretanto, os dados atuais da Funasa registram uma população de 1.312 índios.

TRUKÁ
População total: 1.333
Localização: Cabrobó
Extensão da terra demarcada: 9.688 ha
Posto indígena: PI Truká
Situação jurídica: Delimitada
Os Truká vivem na Ilha da Assunção no médio rio São Francisco no município de Cabrobó estão estimados em 3.463 e tem seu território com uma superfície de 5.769hectares.

TUXÁ
População total: 1.630
Localização: Inajá
Extensão da terra demarcada: 164 ha
Posto indígena: Não existe
Situação jurídica: Adquirida pela CHESF
A população da AI Tuxá de Inajá é composta por 15 famílias Tuxá transferidas de terras em Itacaratu/PE, submersas pelo lago da hidrelétrica de Itaparica.

XUKURU
População total: 6.363
Localização: Pesqueira
Extensão da terra demarcada: 27.555 ha
Posto indígena: PI Xukuru
Situação jurídica: Homologada
em fase de estudo.

A situação dos povos indígenas: opressões e resistências

A desinformação, os equívocos e os pré-conceitos que motivam a violência cultural contra os povos indígenas, resultam das idéias eurocêntricas de "civilização", do etnocentrismo cultural e da concepção evolucionista da História, onde, no presente, os indígenas são classificados como "primitivos", possuidores de expressões culturais exóticas ou folclóricas ainda preservadas, mas que determinadas a serem engolidas pelo "progresso" da nossa sociedade capitalista.

Os atuais estudos sobre os povos indígenas têm revelado, além da antigüidade da presença desses povos, a infinita riqueza da diversidade e pluralidade das sociedades nativas encontradas pelos colonizadores. Tendo sido superado o etnocentrismo que condicionava as informações e referências anteriores, as pesquisas atuais vêm descobrindo a complexidade e a especificidade dos povos indígenas, seus projetos políticos, as relações decorrentes com a Colonização, as estratégias da resistência indígena etc..

A Colonização deixou de ser vista como um movimento único, linear, de puro e simplesmente extermínio dos povos considerados passivos, submissos, impotentes, mas sim como um complexo jogo de relações, embates, negociações e conflitos, desde a chegada dos primeiros europeus no século XVI até os dias atuais, onde povos foram exterminados brutalmente, e outros elaboraram diferentes estratégias para sobreviverem até os dias de hoje. Na região mais antiga da invasão portuguesa, hoje conhecida como Nordeste, a Colonização foi iniciada no litoral com a exploração do pau-brasil e, em seguida, com a implantação da lavoura da cana-de-açúcar, em territórios de povos Tupi que foram exterminados, dispersos ou forçados a fugirem para o interior. Todavia, outros povos não só reagiram – através das guerras – às invasões de suas terras, como permaneceram nelas, como é o caso dos Potiguara que habitam o litoral do atual Estado da Paraíba.

A invasão do interior, hoje regiões do Agreste e Sertão, iniciou-se em fins do século XVI, com as fazendas de gado e posterior cultivo do algodão, e também encontrou forte resistência dos povos Jê que constituíam uma grande diversidade cultural. Diferentemente dos Tupi do litoral, não habitavam em ocas e tabas, mas em furnas, abrigos naturais próximos às fontes de água. Em razão da seca que sempre assolou o interior, organizados em grupos, deslocavam-se então se fixando em enclaves onde podia ser encontrada a caça, garantindo a subsistência em áreas férteis, que desde o início passaram a ser disputadas com os Colonizadores que procuram – até os dias de hoje – expulsar os antigos e tradicionais moradores indígenas, apoderando-se de suas terras.

A política indigenista colonial portuguesa procurou regulamentar a utilização da mão-de-obra e as invasões dos territórios indígenas, dentre outras medidas, com o estímulo a um maior número de moradores não-índios e a transformação de antigas aldeias de índios em vilas, administradas em "igualdade" por indígenas e brancos, legitimando assim que esses últimos consolidassem as invasões às terras das aldeias em meio aos protestos e a grande resistência indígena.

fonte:www.ufpe.br/nepe/povosindigenas/pankararu.htm